sábado, 19 de novembro de 2011

Begin no Brasil


Haisai!!!


                       
                    Cartaz oficial do show


Diretamente da maravilhosa ilha de Ishigaki (石垣島) para a terra do samba e futebol, a banda Begin trouxe toda a alegria e a demonstração do Espírito Uchinanchu para todos os descendentes de Uchina que residem no Brasil!

Foi a primeira vez deles em terras brasileiras, onde puderam sentir todo o carinho e simpatia do povo, principalmente de seus “Shimanchus”,compatriotas, lembrando que todos os descendentes de okinawanos são considerados uchinanchus, e assim sendo, mostrando que o “Ichariba Choode” realmente é verdadeiro!


                     O trio em ação

Não pude comparecer ao show por um pequeno problema de distância,somente meio planeta me separava do Pavilhão de Exposições do parque doAnhembi, mas meus amigos que estiveram presentes me garantiram que foi um show único, para se lembrar por toda a vida!




                      Platéia

A Karina (do blog Tesouros de Okinawa, que também fez uma matéria sobre o show), tocou taiko com eles (inveja, diga-se de passagem), e o pessoal do Kaikan que eu faço parte, o Uruma, também participaram em peso!

Pelos sites que visitei para saber um pouco mais sobre o show, quase todos concordaram que a parte mais emocionante foi quando o vocalista Higa Eishō recebeu das mãos de Seishin Miyashiro, filho de Ihachi Miyashiro, o primeiro sanshin que veio de Okinawa para o Brasil, junto com seu pai no Kasato Maru, o navio que trouxe os imigrantes pioneiros do Japão e tocou a música “Mukashiwa kaisha, ima wa kaisha”.

Enfim, foi uma oportunidade única, onde quase 7 mil pessoas puderam sentir o espírito Uchinanchu através de um de seus maiores representantes!

Uma breve biografia:



                         Begin

Formada por Higa Eishō (vocal), Shimabukuru Masaru (violão) e Uechi Hitoshi (piano), o trio é talvez a mais conhecida banda de Okinawa do mundo!

Os três rapazes se conheceram no primário e estudaram juntos até o colégio, onde após se formarem, cada um seguiu seu próprio caminho.

Alguns anos depois, eles se encontraram novamente e decidiram trabalhar com música juntos.
Após tocar na festa de casamento de um amigo, a banda começou a fazer sucesso pela ilha, sendo assim nomeada como “Begin”!

Com várias músicas de sucesso, como “Shimanchu nu takara”, “Nada sou sou”,“Sanshin no hana”, “Ojii jiman no Orion biru”, “Kariyushi no yoru” entre muitas outras, o trio se tornou uma das mais conhecidas bandas não só em Okinawa mas em todo o Japão, espalhando a alegria e simpatia que é característica de todos os Uchinanchus!













Nota: O Begin tem um repertório composto por músicas no ritmo de Blues também, que sendo muito diferente do estilo musical “oficial” deles, faz valer a pena dar uma conferida nesse lado “B” da banda.

Fontes: Biografia pela wikipedia japonesa e fotos de Gabriel Inamine.

sábado, 12 de novembro de 2011

Ínicio e fim


Haisai

Última parte de minha aventura em Okinawa, dessa vez falarei sobre a capital da província, Naha!

Ao pôr os pés na cidade, minha primeira impressão foi a de estar de volta ao Brasil, tamanha à semelhança entre Naha com São Paulo!

Começando pelos prédios, feitos de concreto e não de “papel” como costumamos dizer das construções do Japão, pelo fato de Okinawa todo ano sofrer com vários tufões, com ventos muito fortes, que seriam sériamente danificados se forem feitos com material mais frágil, e a distância das placas tectônicas japonesas, que tornam a possibilidade de terremotos bem abaixo da média nipônica!

O clima também é “brasileiro”, sendo quente no verão e não muito frio no inverno, com temperaturas de 15ºC  em média (muito acima da média do inverno japônes).

Eu, particularmente, achei o trânsito meio bagunçado, com cruzamentos difíceis de entender e motoristas imprudentes, a maioria formada por turistas japoneses, que por não conhecer bem o lugar tornam a tarefa de dirigir um verdadeiro desafio!

A principal rota é a famosa Rota 58, que corta a ilha principal de Okinawa de ponta a ponta (foi por ela que fui de Naha até Itoman), sendo inclusive tema de vários presentes e imagens relacionadas à província (tem um grupo chamado Karyushi 58, inspirado nessa avenida)!



                        Rota 58


O cenário da cidade se divide entre prédios e o porto de Naha, principal ligação do antigo Reino de Ryukyu com a China, Coréia e Japão.

Entre os vários prédios que eu vi, destaco o Naha Cellular Stadium e um restaurante em cima de uma árvore (?).


                     
                         Hein???

O principal ponto turístico é o Castelo de Shuri, do qual já falei alguns posts atrás, sendo muito procurado pelos visitantes.


Um dos problemas para quem se desloca de carro em Naha é a falta de estacionamento nos lugares (restaurantes, lojas de conveniência, lojas etc), o que torna quase obrigatório o uso dos estacionamentos pagos. Talvez por isso o transporte público é muito utilizado, como ônibus e o famoso monorail, algo como monotrilho, além da bicicleta e caminhada.



                        Monotrilho


A estrutura e a organização da cidade se torna ainda mais impressionante se soubermos que durante a Segunda Guerra Mundial, o centro de Naha foi completamente destruído, precisando ser totalmente reerguido pelo seus moradores e governo!

E assim termina minha viagem para Okinawa, do mesmo ponto em que começou, na capital da província!
Foi realmente um prazer estar em Uchina pela primeira vez e tenho certeza de que voltarei  para esse lugar lindo!

Deixei Okinawa não com um “adeus” e sim com um “até logo”!

Bye

domingo, 6 de novembro de 2011

Origens


Haisai!


Meu passeio por Okinawa foi marcado por uma viagem inesquecível na terra natal de meus antepassados!

A cidade de Itoman (糸満市) localizada ao Sul de Naha, com uma população de aproximadamente 56 mil habitantes (dados de 2010), fundada no dia primeiro de dezembro de 1971, com sua economia baseada principalmente na pesca é uma típica cidade de interior, aconchegante e com um povo acolhedor.


 
Uma de suas atrações turísticas mais famosas é a “Cornerstone of peace”, algo como a “pedra angular da paz”, localizada no Museu Memorial da Paz, onde se encontra escrito o nome de todas as pessoas que morreram durante a batalha de Okinawa, okinawanos, aliados e a parte do eixo do mal, não fazendo separação de quem foram “bons” ou “mals”, simplesmente uma oração para as almas daqueles que perderam suas vidas.

Também nesse local se encontra o “Penhasco do suicídio”, onde devidos aos terríveis rumores do que poderiam ser feitos aos perdedores da guerra, muitas famílias se lançaram para a morte nesse penhasco!


                     
                  Pedras com os nomes


                  Cornerstone of Peace

Fugindo um pouco das atrações tristes, também vale a pena visitar o mercado de peixes da cidade.

Com uma variedade enorme de peixes, o preço baixo surpreende pela diferença com o que estamos acostumados a pagar aqui no Japão!

A tranquilidade da cidade reflete diretamente em seus moradores, acostumados com estrangeiros são todos bem simpáticos e gentis.

O bairro onde moram meus parentes, não tão distantes agora, fica em um local afastado do centro, com várias residências perto uma das outras, e assim como no Brasil todos os moradores se conhecem.

O terreno é muito grande, composto por lugares vazios sem nenhuma construção e casas de parentes também.


                    Uma vista da cidade


 Demos uma passada na escola em que minha Oba estudou no passado, cerca de 20 minutos de carro ( e ela fazia esse trajeto a pé todos os dias!), que apesar de ser domingo, tinha gente treinando futebol por lá!
 
Recebi do sobrinho da minha Oba (que deve ser só um pouco mais novo que ela) um conjunto de documentos que representa a “árvore genealógica” da família, datada de 1400 até os dias de hoje!
Minha missão é listar a parte brasileiro dessa árvore, com o nome e dados de todos os familiares à partir de minha Oba.

Pelo que eu pude ver ( e entender) desses documentos, o topo da árvore vem diretamente da linhagem dos reis do Reino de Ryukyu, o que significa que, mesmo distante, tenho uma relação com a nobreza de Okinawa!

Como meu tempo era curto, nem pude aproveitar muito a visita pela cidade, o que é uma pena pois tenho certeza de que teria muito o que conversar com as pessoas de lá (apesar de eles misturarem muito o japonês com o uchinaguchi).

Mas como agora tenho um trabalho a cumprir, é certeza que voltarei lá para aprender mais sobre a história da família e costumes locais!

Próximo post será sobre Naha e o final de minha viagem em Okinawa!

Bye


Nota

Se localiza em Itoman também uma caverna que é considerada o ponto final da Segunda Guerra, onde um grupo de estudantes treinadas para serem enfermeiras, com o medo dos estupros por parte dos americanos e japoneses se escondiam em cavernas, e em uma dessas cavernas foi jogada uma granada por parte dos militares americanos, que deixou somente cinco sobreviventes de um grupo de quarenta e cinco mulheres.

Em homenagem à essas pessoas foi erguido o “Monumento Himeyuri”.