sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Uma volta ao passado


Haisai!
Aproveitando minha ida para o Festival Uchinanchu, claro que eu fui fazer um turismo por Okinawa!

O primeiro lugar que visitei foi o Castelo de Shuri (首里城), em Naha.

Ao chegar no local, que fica no topo de um morro, a primeira dificuldade foi encontrar um lugar para estacionar (falarei depois sobre o trânsito e a arquitetura de Naha), o número de carros e ônibus circulando pelas ruas era enorme!

Achado um local dentro de uma caverna (!), segui para o castelo!

Garoava fraco, nada que um guarda chuva não resolvesse, e na entrada do castelo haviam duas moças com o tradicional quimono de Okinawa para tirar fotos com os turistas!

Adentrando o portão principal (Shureimon) a sensação de se voltar ao passado é evidente pela paisagem, com uma escadaria e muros que parecem cenário de filme!
                        Shureimon
Algo bastante agradável de se ver é a presença de uma grande área verde, com uma variedade de plantas enorme, que misturada com a arquitetura antiga me surpreendeu pela impressão de que antigamente não era muito diferente!

A caminhada até o castelo é marcada por construções semi-destruídas e algumas intactas!


O valor pago para se entrar na área do castelo é de 800 ienes (mais ou menos dezesseis reais), com direito a um panfleto com explicações sobre a história do lugar!


O pátio principal é dividido em três partes, Hokuden (lado norte), Seiden (centro) e Nanden (lado sul), onde cada área contém um prédio.

No lado direito de quem entra, a arquitetura do prédio é baseada em construções japonesas, pois essa é a direção do Japão em relação a Okinawa, que era usada para receber autoridades japonesas, e ao lado esquerdo o estilo é baseado na arquitetura chinesa, pois essa é a direção da China, que da mesma forma servia para se receber autoridades chinesas!

                          Nanden

                      Hokuden
Na parte central se encontra o glorioso Castelo de Shuri, a maior construção de madeira existente em Okinawa, que foi a moradia da família real de toda a Disnatia Ryukyu!
                     Castelo de Shuri
Entre artigos antigos e lojinhas de presente, vale destacar uma réplica da coroa e do selo real e o trono do rei Ryukyu, que é muito bonito mesmo não sendo o original.

                          Coroa Real

                         Selo Real


               Trono Dinastia Ryukyu

Existem também maquetes mostrando como eram as cerimônias no castelo.

        Maquete representando a cerimônia de ano novo


Um fato interessante é que quando a cúpula do G8 (grupo dos países mais ricos do mundo) se reuniu em Okinawa,em julho de 2000, foi dado um banquete no salão principal, com a presença dos chefes de estado mais importantes da época, como Bill Clinton (EUA), Tony Blair (Inglaterra) e o então primeiro ministro japonês, Mori Yoshiro.

O cuidado com a preservação do castelo é tão grande, que o percurso da parte de dentro é feita com os pés descalços, portanto ao visitarem o Shuri Castle lembrem-se de estarem com meias sem furos!

Realmente visitar o castelo foi um acerto muito grande na minha passagem por Okinawa, pois ao contrário do famoso aquário (ChuraUmi, que outro dia vou visitar com certeza), tem um valor histórico muito importante para quem quer aprender um pouco mais sobre a cultura okinawana!

Quem tiver a oportunidade de ir até lá, aproveitem o máximo de cada pedacinho de terra que pisar, pois a sensação de se estar em um lugar tão rico em história é maravilhoso!

Próximo post: 

Minha visão de Naha e visita a terra natal da família!

Nota: O castelo foi reconstruído diversas vezes ao longo dos séculos, a última reconstrução foi logo após a Batalha de Okinawa, na Segunda Guerra Mundial, onde foi parcialmente arrasado pelos bombardeios!

Nota 2: Muitas das construções presentes na área do castelo são Patrimônios Históricos da Humanidade reconhecidos pela UNESCO .

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Okaerinasai


Haisai!!!

Nessa semana falarei sobre as atrações que assisti no Uchinanchu Taikai!

Eu cheguei em Okinawa na sexta feira, segundo dia do Festival, portanto não assisti ao desfile de abertura, que foi realizado na Kokusai Dori, em Naha!

Haviam dois palcos diferentes no local, um fora do estádio e um dentro do estádio, o de fora era destinado às atrações “secundárias”, e no meio do campo de beisebol, um palco gigantesco destinado para as principais atrações!

No palco menor se apresentavam artistas locais e aspirantes a cantores!

Entre vários que eu pude ver, gostei bastante dos cantores mais pop, que misturam elementos clássicos da musica de Okinawa com um som mais moderno!

Já no palco principal, muitas surpresas aguardavam quem foi assistir aos shows!

Assim que eu entrei, havia uma apresentação que misturava teatro e música, com elementos clássicos da vida antigamente na ilha!

Logo após uma família, composta por duas irmãs e a mãe, cantando o famoso “minnyo” de Okinawa, e músicas famosas como “Nada sou sou”, “Asadoya yunta” entre outros!

Um grupo de Okinawa Eisa foi a próxima atração, eu particularmente gostei muito dessa apresentação, o som do Taiko de Okinawa sempre mexeu muito comigo, e ver crianças tocando esse instrumento com tanta vontade, embaixo de uma garoa bem chata, foi muito algo muito gratificante de se ver!
A primeira surpresa do festival (ao menos para mim), foi um grupo que tocava Taiko também, que logo de cara começou com um “bateirista” que tocava uma “bateria” composta por vários taikos juntos, que transformavam o som clássico do taiko com uma batida de rock!

Após as primeiras músicas, todas com um som épico, entrou uma banda completa, com direito a guitarra, baixo e backing vocals.

Começaram com um jazz básico, e terminaram com “Smoke on the water” do Deep Purple!

Passado o som pesado, novamente entrou o grupo de Eisa junto com a dupla D-51 para finalizar a sexta feira!

No sábado de manhã fui visitar o Castelo de Shuri, que fica para o próximo post, e depois voltei ao Cellular Stadium para ver o festival!

Sem novidades pela parte da manhã, o mesmo grupo de Eisa Taiko se apresentou a tarde, só que dessa vez trouxeram um legítimo Shisa para dançar junto a platéia!

                  Shisa junto ao público

E a grande surpresa do festival!
Festa Latina!

Sim, a parte final do dia foi conduzida pelo ritmo latino em Okinawa!

Houve apresentação de Samba, Salsa e a única parte que eu assisti (sinceramente eu não fui para Okinawa para ver carnaval!), a apresentação do grupo peruano Diamantes!

Conduzido pela voz forte de Alberto Shiroma, o grupo animou a pláteia e as apresentadoras ( Patty Arakaki e Carolina Horikawa, peruanas que dançam muito bem!),sob o ritmo de Okinawa mesclado com a animação latina!

              Apresentadoras da Festa Latina

Realmente a cerimônia de encerramento no domingo foi o ápice da festa, com a presença de 
Miyazawa Kazufumi (vocal do The Boom) e do Begin!

Mas como meu avião de volta foi marcado para as seis e meia, não pude acompanhar o melhor, além do local estar completamente lotado!

Mas realmente foi muito gratificante estar lá e poder acompanhar a festa!

Um fato interessante e que me marcou muito foi o fato de todos os cantores ao chegar no palco saudarem o público com o um “Okaerinasai”, em vez do tradicional Bem vindo, o que deu realmente a sensação de estar de volta em casa!

Semana que vem Castelo de Shuri, cidade natal e algumas coisas mais!
Bye 

Notas:

Minnyo é a música tradicional, tanto de Okinawa quanto do Japão.
Okaerinasai é uma saudação dita quando alguém retorna para casa.
As fotos do palco ficaram ruins por que foram tiradas de longe.

Fonte: Fotos de Alberto Shiroma e das apresentadoras tiradas do Nippon notícias

domingo, 16 de outubro de 2011

Ichariba Choode

Uchinanchu Taikai (parte 1)



Infelizmente não deu tempo de escrever nem postar nada em Okinawa, a correria e a vontade de fazer tudo, acabei sem tempo de abrir o computador!

Bom vamos ao que interessa!
Sinceramente não há palavras para descrever o que se sente ao chegar aqui, são várias emoções juntas em um só sentimento: o de estar de volta em lugar em que nunca se esteve.

Complicado? Talvez seja um pouco, então tentarei explicar do modo como eu me sinto!

A primeira coisa que temos dificuldade em uma viagem é sempre a adaptação ao lugar,mas pelo menos para mim, eu já cheguei “adaptado” em Okinawa!
                                                                                                  Céu de Okinawa

Ao chegar no aeroporto da cidade de Naha, a primeira coisa que se ve é o mar!

Mas não é um mar qualquer, é um mar limpo e cristalino, que faria inveja aos melhores filmes sobre praias!

Como era época do Uchinanchu Taikai, logo na entrada havia uma bandeira como o logo do evento e bem vindos em várias línguas!


O meu pacote incluía um carro alugado, então fui de carro até meu hotel e depois fui ao Naha Cellular Stadium, um estádio de beisebol enorme, com capacidade para 15 mil pessoas, inteiramente decorado para a festa!
                           Naha Cellular Stadium

Ao chegar lá, me senti em uma festa do meu kaikan no Brasil, todas as pessoas me pareceram familiares, como conhecidos que se encontram pela primeira vez!

“Conhecidos que se encontram pela primeira vez”?

Sim, esse é um sentimento que os uchinanchus chamam de “Ichariba choode” (イチャリバ チョーデ), que significa algo como “ao nos encontrarmos, somos irmãos”, que mesmos nunca termos nos encontrados somos todos filhos de Uchina, e para sentir isso, basta se se aproximar uns dos outros!

E uma das coisas que mais me chamaram a atenção foi a diversidade encontrada lá, por exemplo, haviam mestiços de todas as nações, desde negros altos (muito altos,alías!), até loiros de olhos claros.
Isso fez com que meu orgulho em ser descendente de okinawanos crescesse mais ainda, pois não há preconceito com cor, país de origem, língua nem classe social!

Os participantes tinham idades que iam de crianças de colo até idosos de idade avançada vindo de várias partes do mundo!

Um fato interessante foi ver senhoras falando um inglês perfeito, de dar inveja mesmo, sendo que se eu fosse conversar com elas, iria obviamente falar em nihongo!

E também haviam várias barracas com diversos tipos de alimentos, desde pastéis do Brasil até o Kebab (turco creio eu!).

E vários voluntários trabalhando duro para deixar tudo bem organizado, e mais uma vez a diversidade prevaleceu, com pessoas falando português, inglês, espanhol entre outras línguas!

Bom, essa foi minha primeira impressão de Okinawa e do evento!

Nos próximos post falarei sobre as atrações que vi (incluindo um show de samba (?), eisa taiko, Diamantes entre outros, além da minha viagem para a cidade natal da minha obá, uma descoberta interessante sobre minha relação com a nobreza do reino de Ryukyu (!) e a minha visita ao castelo de Shuri!

Consegui reunir material para vários posts, então acho que por um tempo o assunto do blog será mesmo o Festival Mundial Uchinanchu!

Até o próximo post!

Bye

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Post bônus



Haisai!



Como estou indo para okinawa, talvez atrase meu post dessa semana!

 Para compensar estou postando uma música que gosto muito, da banda também!

 A música é "Toki wo koe" do HY, e segue uma breve biografia da banda ( descaradamente copiada do site “Tesouros de Okinawa”, usei ctrl c ctrl v pela falta de tempo para pesquisar por conta própria!).







 HY (pronúncia do inglês: / eɪtʃ waɪ /) é uma banda de rock japonês (j-rock) formada em 2000 por cinco amigos do ensino médio de okinawa. seu nome vem das iniciais de sua cidade natal: Higashi Yakena. a popularidade da banda aumentou rapidamente após uma série de performances nas ruas.

Seu álbum de estréia, "departure", lançado em 22 de setembro de 2001 , esgotou imediatamente.

Curiosidade: em 2002, a banda realizou uma atuação conjunta com a banda Linkin Park!

Seu 2º álbum, "story street", lançado em 16 de abril de 2003 chegou ao topo das paradas da oricon, permanecendo no número 1 por quatro semanas consecutivas. seu 3º álbum, "trunk", foi lançado em 12 de abril de 2004, e mais uma vez estreou no número 1. o 4º álbum da banda, "confidence", lançado em 12 de abril de 2006, estreou no número 1 novamente e manteve o primeiro lugar por duas semanas consecutivas.

Sua turnê de 2006, esgotou no dia em que os bilhetes se tornaram disponíveis no país, na qual reuniu mais de 88.000 pessoas.

Entraram no cenário musical internacional, realizando uma turnê em cidades como Toronto, Canadá, e estendeu-se a sete grandes cidades dos Estados Unidos.



E segue a música:




Nota: a Karina (dona do blog “tesouros” ) tinha me dito que desativou o blog mas ainda era possível achá-lo, mas fui verificar hoje e já estava fora do ar!
(Edit: Como a Karina comentou o blog está no ar de novo! Passem lá que vale a pena! )



Bye

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A alma da música


Haisai!

Continuando o assunto sobre música de Okinawa, falarei um pouco sobre os instrumentos tradicionais!

Na minha opinião o Sanshin (三線) representa a música okinawana somente pelo seu som, que se caracteriza por toques rápidos e de tom forte, que em conjunto com o ritmo do Taiko (沖縄太鼓) e o “Iya sa sa” é capaz de tocar o coração de todos aqueles que ouvem a chamada “shimauta” (島歌) independente de ser uchinanchu ou não!

A origem do sanshin é um pouco controversa, dizem que tem mais de 4000 mil anos, que nasceu no Egito, mas o único consenso que se tem é que o instrumento chegou em Okinawa através da China!

O sanshin tradicional é revestido com couro de cobra, mas por proibições de exportação de material de origem animal geralmente se usa couro sintético que se assemelha ao original!


                                                                                          Sanshin tradicional 

Assim como seu nome diz, possui três cordas e é tocado com um dedal feito de chifre de boi (hoje em dia tem quem prefira tocar com palheta de violão mesmo!), e é bem leve se comparado com instrumentos de porte parecido, banjo ou bandolim por exemplo!

É importante frisar que o sanshin e o shamisen (三味線) são instrumentos diferentes, sendo o segundo derivado do primeiro, e usados por estilos musicais completamente distintos (além de o shamisen ser tocado usando um tipo de palheta que se assemelha à uma espátula, o Bachi.), enquanto o sanshin é a alma da música de Uchina, o shamisen é usado no resto do Japão em músicas tradicionais!

Há uma lenda em Okinawa que diz que o sanshin foi criado por um rapaz chamado “Akainko”, algo como filho do cão vermelho, assim chamado pelo fato de sua mãe ter criado um cão vermelho depois da morte de seu marido, e os moradores da aldeia acharem que o pai do rapaz era o animal!

Um dia, numa inspiração divina, ele decidiu criar um instrumento feito do tronco de uma amoreira, usando pêlos do rabo de um cavalo como corda (!), criando assim o primeiro sanshin de Okinawa, com o qual Akainko espalhava a alegria por toda a ilha!

Um fato interessante: com o término da Segunda Guerra Mundial, depois da horrível Batalha de Okinawa, os moradores da ilha não tinham material nem dinheiro sobrando para montar um sanshin tradicional, então usando latas de comida deixadas pelos exércitos e muita criatividade construíram um sanshin feito de lata, o “kankara sanshin” (缶から三線), que tem um som mais melancólico, soando mais triste, mas com a mesma base musical do sanshin!

                                                                                            Kankara sanshin

Eu, particularmente, gosto muito das músicas de Okinawa, das mais tradicionais até o pop, pelo fato de sempre se falar de um lugar maravilhoso e com uma cultura incrível!

Ps: Semana que vem eu irei para Okinawa (Finalmente!) participar do Uchinanchu Taikai e reencontrar minha Oba (avó) que não vejo fazem alguns anos, portanto o próximo post provavelmente será diretamente de lá, contando um pouco da experiência de se estar no “lugar que sinto saudades sem nunca ter estado lá!”

Bye!

Fontes: Basicamente eu fiz um resumo do que eu já sabia com a ajuda dos sites “A arte de tocar Sanshin” e da Wikipedia em Japonês

Notas:

三線: Literalmente “três cordas”.
Shimauta: Toda música que fala sobre Okinawa e sua cultura.
Kankara sanshin: Literalmente “sanshin feito de lata”.